/// OS CHINELOS E A CAÇA

O que têm os chinelos a ver com a caça? Aparentemente, nada (ao contrário do cu, que tem tudo a ver com as calças, mas isso é tema para outra conversa). Talvez a única coisa que os una seja a sua coincidência temporal nesta meia-estação que já vai avançando. Quanto aos primeiros - os ditos chanatos - apenas tenho a dizer que compreendo perfeitamente a relutância de alguns em largá-los, sobretudo quando ainda está bom tempo, mas a verdade é que os pés já vão ficando mais brancos e lembram-se do que vos aconselhei relativamente a isto, certo? NEVER. Por isso, get over it. Quanto à segunda - a caça - não é que seja fã, porque não sou. Acho que nem uma galinha conseguiria matar. Mas num dos meus parcos e muito rápidos passeios por algumas lojas fui alertado, certa vez, para um rapaz de chinelos e calções a experimentar um daqueles casacos acolchoados verde pardo, exactamente como os que Elizabeth Alexandra Mary (a.k.a Rainha de Inglaterra) usa nas suas prolongadas estadias estivais na Escócia. Como a percebo...Quis a caricata situação, a do rapaz, não a da rainha, que eu quase me desviasse da tendência que aí estava para vir. Quase. Porque seria totalmente impossível entrar numa das lojas mais comuns e não esborrachar o nariz contra t-shirts com estampados saídos das paredes da casa da minha querida bisavó, ou calças curtas e coladas à perna, como as que usava quando montava a cavalo, ou mesmo os tão famosos casacos acolchoados ou "kiltados" como diriam os britânicos. Não são certamente tão bons como os Barbour da rainha (tão somente A marca de roupa e acessórios de campo e caça, como já o referi uma vez aqui) mas, ainda assim, muito usáveis. De repente, fiquei cheio de saudades de montar a cavalo.

Chapéus de feltro, Zara (13 €)
T-shirt estampadas, Pull & Bear (10€)
Casaco de feltro, H&M (esquerda) (60€)
Casaco militar, H&M (centro) (60€)
Colete de feltro, Topman (36€)
Casaco acolchoado, Topman (63€)
Colete acolchoado, Topman (57€)

Imagens de Topman, Zara, Pull & Bear e H&M, modificadas. Todos os direitos reservados.

/// THIS WAS SCOTLAND II.



Fotografias de Luis de Sousa, Margarida Cid, Mary Torres Campos e TTC modificadas. Todos os direitos reservados.  


/// THIS WAS SCOTLAND I.







As queixas de alguns (que foram, certamente, o alívio de muitos outros) sobre a minha prolongada ausência deste lugar que me tem sido tão caro, deixou-me comovido. Comovido porque gosto que as pessoas que me interessam gostem daquilo que faço; comovido porque isso só quer dizer que a energia que aqui gasto não é completamente em vão; comovido também porque, em boa verdade, isto de ter um blogue dá um trabalho do caraças. Foi por isto que resolvi que o Verão seria também para descansar, uma fase de avaliação de mim próprio e, nessa medida, de tudo aquilo que faço. Foram muitas as aventuras num Verão que foi praia, água transparente, água salgada e areia fina. Que foi praias de infância, praias da adolescência e praias de que há muito ouvia falar. Que foi conversas adiadas por falta de tempo, foi tempo para estar com quem gosto muito, e gostar muito de estar com algumas pessoas. Que foi bons almoços e melhores jantares. Que foi viagens, foi bom e menos bom tempo, foi a Escócia inesperada e foi o tão esperado Algarve.



Mas voltei, como sempre se volta aos lugares de que se gosta, embora nunca da mesma forma, até porque os lugares também nunca mais são os mesmos. E aproveito este regresso no meio das brumas, para mostrar alguns momentos verdadeiramente magníficos, que podem também ser, por quem assim o desejar, o início de uma nova estação. Até porque as sensaboronas meias-estações podem ser, afinal, cheias de intensidade.



Fotografias de Luis de Sousa e Margarida Cid, modificadas. Todos os direitos reservados.

/// THE MASKS WE ALL WEAR


É engraçado como na vida tudo é cíclico. E muito mais aquilo que sentimos. Escrevi, num outro blog, numa outra época da minha vida, isto. Mas ao passar por estas imagens, uma parte de algo em que estou a trabalhar, o sentimento aflorou de novo, com a pujança daquilo que, na realidade, nunca daqui tinha saído. Como aqueles objectos velhos que guardamos no fundo do armário e que, quando abrimos a porta passado uns anos, nos caem para cima simplesmente porque sim, porque tinha que acontecer. Como será vivermos como ratos, por trás de uma parede de betão que nos mascara a vida toda? O que é a vida vivida de outra forma que não o medo constante a corroer a fantasia que insistimos mostrar? Será suportável demolirmos essas paredes e constatar aquilo que realmente que somos, aquilo que temos para oferecer? Estaremos efectivamente vivos de outra forma que não seja essa?

/// NA PRAIA DE SACO NA MÃO

LinkFoi há já alguns dias, numa praia que me marcou a infância. Uma praia selvagem que foi sendo domesticada, mas apenas até ao ponto em que simplesmente não se deixou domesticar mais. Um daqueles redutos que todos gostam mas que a maior parte não sabe preservar. Fui com amigos de longa data, uns já habituados ao ambiente semi-africano de savana torrada pelo sol, outros a deixarem-se maravilhar pela lagoa e pelos pássaros exóticos.

Talvez seja daqui que também me vem a mania dos pássaros.

P.S. - Os dois sacos com ilustrações feitas por mim da série /// BIRDS IN BAGS encontram-se à venda, por 8 €, no /// NAF shopping. Para mais informações, basta clicar aqui.

Fotografias de TTC, modificadas. Todos os direitos reservados.

/// ESTE FIM DE SEMANA FOI ASSIM...


Foi uma experiência nova que o recente lançado ///NAF Closet decidiu abraçar: um mercado de roupa vintage e em 2ª mão no Atalaia 31, no Bairro Alto. Foram dois dias de convívio, boa disposição, e encontros com amigos de longa data, recém-amigos e simples conhecidos. E, nos momentos de intervalo, as roupas lá se foram vendendo. Quero agradecer, em nome do ///NAF Closet, onde também participo, a todos aqueles que nos ajudaram nesta experiência nova, a todos aqueles que nos visitaram e, como não podia deixar de ser, a todos aqueles que se identificaram com as roupas que vendemos. Sem dúvida, uma experiência a repetir. Provavelmente já em Setembro.

P.S. - A nossa plataforma de venda de roupa em 2ª mão online continua bem activa. Para mais informações sobre o ///NAF Closet, vejam aqui.

Fotografias de TTC e Luís de Sousa, modificadas. Todos os direitos reservados.

/// NOS INTERVALOS DA VIDA





Ali estava de repente e sem qualquer tipo de aviso prévio às minhas pernas, que começaram imediatamente a fraquejar por entre as hordas desordenadas de pessoas embaladas pela música. Somos velhos conhecidos que se foram aproximando pouco a pouco, há medida que as armaduras, erguidas como duras couraças, se foram baixando. Dois seres reservados que, a muito custo, abriram as portas blindadas da sua privacidade. Duas pessoas que queriam coisas diferentes. Sempre quiserem coisas diferentes. E sonhavam sonhos diferentes, não complementares mas incompatíveis. Ficou doente e quis afastar-me. Não tive forças para lutar contra a violência com que me repeliu. Afastou-me para me poupar às adversidades que lhe destruíram o sonho ou, talvez, por vergonha das marcas profundas que lhe tinham dito que acabariam por permanecer no seu corpo. Por um breve momento ficámos os dois ali suspensos, a menos de dois metros. Não me viu ou, pelo menos, acho que não me viu. Consegui ver-lhe os grande olhos negros, outrora poderosos e agora tão tristemente embaciados que mais pareciam cinzento antracite. Tentei chamar pelo seu nome, mas não encontrei a minha voz, tal como naqueles sonhos em que queremos gritar mas nos apercebemos que não deitamos sons da boca. Não chegámos a falar e o momento desfez-se nas luzes electrónicas do concerto. Mas os meus olhos conseguiram dizer-lhe aquilo que, depois de tantos anos, tinha ficado por dizer. Esta música encarregou-se do resto.



Vídeo de Cold Play, Fix you.